sábado, 7 de maio de 2011

Sacrifícios I

Pedem-nos sacrifícios, pedem-nos para pagar e pedem-nos para pagar sobretudo a dívida privada que é de 200%. Pedem-nos para pagar e pedem-nos para que se lhes  conceda mais poder, mais poder para despedir e mais poder para roubar o que é pertença de todos para o dar só a alguns. Pedem-nos para pagar e aceitar sem protestar. Não apresentam medidas de fundo como o combate da corrupção, do clientelismo, da concertação de preços, da especulação,  da fuga à responsabilidade social, da fuga de impostos com dinheiro nos ofshores, dos novos mercadores de escravos ("chulos" das empresas do trabalho temporário os badalados outsourcing), dos lucros colossais da banca sem que haja contribuição mínima nos impostos, etc.... Em suma o pobre é burro e com meia dúzia de ideias feitas que pague o que o rico anda a esbanjar e esbanjou. O pobre que seja burro e pague o que eles andaram a roubar (os senhores do "Rendimento Máximo" são intocáveis, os do "Rendimento Mínimo" tem de ver toda a sua vida esmiuçada até ao tutano para receber tostões) e que ainda lhes faça a vontade de pagar para estes despedirem o próprio povo. O povo que pague para perder as empresas públicas que davam dinheiro para todos e que agora só o darão a alguns. O povo que pague e aceite a pobreza que estes senhores espalham. Nunca pensamos no senhor rico, estamos sempre a coscuvilhar sobre as migalhas do vizinho do lado mas nunca nos preocupamos com as senhoras que vão a Itália só para comprar um par de sapatos (coitadas esforçaram-se tanto a fazer essa viagem). Nunca nos preocupa que um senhor de pretenso ar sério e emproado faça um negócio ruinoso (são só trinta milhões que pagaremos a mais por submarinos). Hoje em dia assistimos ao descaramento da maldade e da mentira por causa da apatia e da ignorância de uma boa parte da população. Esta parte aceita de ânimo leve a manipulação que perpetua a riqueza de alguns. Estes não podem lavar depois as mãos porque a sua indiferença abriu portas à pura maldade. Quem não se indigna é igual, sendo o batalhão disforme daquilo que destrói a humanidade.